Exposições

Um pouco de Mateus Santos ( Um artista e Deus )

Os sonhos, o forte desejo de compartilhar suas riquezas interiores com o mundo e o amor pelo seu dom, move um homem, a explorar totalmente suas capacidades. E como exemplo de tal nobreza, temos um artista um pintor, um compositor, um poeta, um batalhador, reunido em uma mesma pessoa: "MATEUS SANTOS" Migrante nordestino, Mateus José dos Santos, nasceu no dia 28 de Outubro de 1926, em um povoado chamado Curralinho no município de lagarto, interior de Sergipe. Ainda no nordeste, iniciou sua trajetória na arte, ao começar pelo fato ocorrido no 2º ano de seu estudo, quando sua professora deu aos alunos atarefa de desenhar uma maçã da própria cartilha, tal foi a surpresa de todos ao verem o resultado do trabalho de Mateus, recebendo assim, o elogio e o incentivo de sua professora indicando-o como o melhor da classe.

Seu ardor pela pintura teve seu ponto de partida aos 16 anos, na cidade de Estância, onde trabalhava e estudava. Em um desses episódios, dirigindo-se ao trabalho, encontrou pelo caminho um pintor, José de Lima, que lhe deu a oportunidade de aprender a pintar,, entretanto, para testar seu potencial, pediu a Mateus que pintasse um quadro. Respeitando a vontade de seu instrutor, fez a pintura de uma igreja, porém, para seu próprio crescimento, foi questionado pelo desenho que havia feito, recebendo sua primeira crítica, demonstrou grande interesse em aprender, e assim começou a ter aulas de pintura.Contudo, seus dons artísticos não se limitavam á pintura, e em 1947 escreveu seu primeiro livro: " Meu Passado" que circulava pelos arredores da cidade.

Em 1958, chegou em São Paulo, a fim de expandir sua arte, e começou a estudar na Associação Paulista de Belas Artes, aumentando seus horizontes artísticos e aperfeiçoando suas perspectivas.

Durante a década de 60, encontrou alguns obstáculos para deter seus sonhos, diminuindo dessa maneira suas produções.No entanto, mesmo em meio às dificuldades, não deixou de lado seu esforço para ser um grande artista, homem e pai de família que tanto amava. Mas foi a partir do ano de 1979 que Mateus Santos ganhou sua tão desejada liberdade para dedicar plenamente aos seus talentos, assim através da Secretaria Municipal de Cultura começou a ministrar cursos de pintura e desenho, no Lar Vicentino, onde mais adiante se tornaria presidente. Em suas aulas, demonstrava a necessidade em partilhar o que tinha de melhor ( " sublime dádiva de Deus gerada por vocação " - O que é Arte? - Mateus Santos ), o prazer em ensinar e a alegria em se doar por seus alunos.Como músico e compositor, participou de diversos eventos musicais da zona leste, festivais e programas promovidos pelo Lar Vicentino, além de fazer parte também de um coral

realizado na Paróquia Nossa Senhora Aparecida ( Parque Boturusú ) onde tocava cavaquinho e violão. Em 1982 teve sua colaboração ativa e presente, junto a poetiza Eurídice Alves, no projeto " Memória de Ermelino Matarazzo ".Devoto de São Judas Tadeu, manifestava sua espiritualidade e oração eu seus quadros, e entre tantos lindos trabalhos religiosos distribuídos por diversas Igrejas Católicas, está a pintura na Igreja São José e a Via-Sacra feita especialmente à Paróquia São Francisco de Assis, obra de grande importância, transmitindo seu afeto e dedicação pela Igreja.

Enfim, Mateus santos de entregava de mente e alma naquilo que fazia, tantas vezes expondo suas emoções e sentimentos, envolvido em sua criação. Amando através da pintura, se apaixonando a cada dia pelo que contemplava, dando vida a suas paixões, tornando-as realidade em sua arte, afinal, como ele mesmo dizia:

" A arte é para o mundo um sentimento profundo de paz, amor e paixão ".

Mateus Santos hoje é retratado e homenageado, tendo sua imagem pintada na Estação Comendador Ermelino para que o bairro não se esqueça daquele se sempre o amou.

Ricardo Cardoso, artista plástico e poeta, nascido em Barueri, chegou em Ermelino Matarazzo aos 2 anos de idade. Além, de pesquisar a História do bairro e região, desde criança desenvolveu o gosto pelo desenho, pintura e teatro. Já na adolescência entrou no grupo de jovens da igreja, onde já participava de atividades culturais participou do movimento dos estudantes e em seguida começou a participar de movimentos sociais. Ao longo de mais de vinte anos tem participado e ajudado a organizar diversos movimentos e obras sociais em Ermelino Matarazzo.

Um dos trabalhos importantes dele é a pesquisa do bairro de Ermelino Matarazzo que mostra da fundação á primeira vila de casas e o desmembramento de São Miguel Paulista em 1959. Este foi um passo para desenvolver o projeto que se transformou em lei que corrige a data de aniversário de Ermelino Matarazzo, que antes era comemorada no dia 1° de maio (Dia do Trabalhador) e agora é oficialmente dia 7 de fevereiro, data esta que os moradores não tinham como referência.

Se tratando de seu trabalho como artista plástico e pensando no meio ambiente, todas as obras são feitas com material reciclável e as obras em madeiras são feitas com galhos e troncos de árvores achados na rua do bairro, provenientes de descarte de poda de árvores condenadas. Através de suas mãos as árvores ganham vida novamente! Já fez várias palestras e exposições em escolas, ONG´s e bibliotecas contando a história do bairro através de fotos, vídeos, livros, obras de artes, telas e pesquisas.Participação literária em 4 antologias e participou do Museu da Pessoa.

Realiza oficinas de escrita , de artes e história em diversos espaços em São Paulo. Participou de dois documentários sobre o bairro contando a história e exibindo suas obras: Filmes, Rua Dois e Jaguaporeruba. É de Ermelino Matarazzo com muito orgulho que é um bairro rico em cultura, mistura de raças e costumes.

Arrabaldes

Ah, Ermelino Matarazzo.

Se eu o pudesse reger

Não te escolhia para morar

Mas aprendi á idolatrar

Muita coisa iria mudar

Cultura iria te dar

Esporte tu iria praticar

Teu filho iria cuidar

Com saúde iria brincar

Nas praças com árvores

Que iria plantar

Com pássaros que iria cantar

Quantos quadros iria pintar

Ah, Ermelino Matarazzo,

Se eu pudesse reger...

(autor: Ricardo Cardoso)